sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

“Quem me vê, vê o Pai.”

O evangelho nos diz que o apóstolo Felipe, ao ouvir Jesus falar sempre do Pai, quis que Esse lhe fosse apresentado: “Mostra-nos o Pai, e isto nos basta”. Mas Jesus lhe respondeu: “Quem me vê, vê o Pai (Jo 14, 6-9). Mais tarde São Paulo escreveu que Jesus “é a imagem visível do Deus invisível” (Cl 1, 15), e n’Ele “habita corporalmente toda a plenitude da Divindade” (Cl 2,9).

Podemos imaginar que Felipe tenha ficado, a princípio, um pouco desapontado. Como é possível olhar para Jesus, o Filho, e ver n’Ele o Pai? O que nos possibilita essa visão? O Eterno é imaterial e invisível. Puro Espírito. Ou seja, “por trás” de Jesus não há nada visível, pois Ele é a única imagem sensível do conceito abstrato da Divindade, como disse o Apóstolo. Jesus, ao encarnar-se, assumiu a nossa humanidade, fez-se homem, nasceu de Maria pelo poder do Espírito Santo. Mas o que na verdade importa não é a figura humana de Jesus que alguém tem diante de si, mas sim a mediação do Espírito Santo que faz com que a pessoa possa ver no Filho o Deus Invisível, a Divindade abstrata e universal. Em outras palavras: o conceito de Pai é preenchido pela mediação de um esquema a priori que nos faz ver a realidade sensível de um homem e identificá-la com o conceito de divindade eterna presente em nosso ser.

Ismar Dias de Matos, sacerdote diocesano, professor de filosofia e cultura religiosa na PUC MINAS: p.ismar@pucminas.br

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