segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O sentido da dor e do sofrimento

No dia 11 de fevereiro deste ano, a Carta Apostólica “Salvifici Doloris” (SD), de São João Paulo II, completou 30 anos. Ela começa com o versículo 24 de Colossenses 1: “Completo na minha carne — diz o Apóstolo São Paulo, ao explicar o valor salvífico do sofrimento — o que falta aos sofrimentos de Cristo em favor de seu Corpo, que é a Igreja”.

Faço essa memória porque as leituras bíblicas de domingos atrasados nos falaram sobre dor e o sofrimento. Começavam com Jó, o justo sofredor inocente, protótipo do próprio Jesus. O trecho escolhido (7,1-4.6-7) nos apresenta um homem sofrido, amargurado e sem esperanças, que sente a vida frágil, como um sopro, e cujos olhos não têm a certeza de ver outra vez a felicidade. Ele sabe que não merece o sofrimento, como querem justificar seus amigos Elifaz, Sofar e Baldad. Em outro trecho do livro, no capítulo 3, Jó chega a lamentar o dia em que nasceu, tamanha é a sua dor. Ele “briga” com Deus, não é o homem paciente e quieto como muitos erroneamente dizem. Jó, hoje, é João, José, Maria, Tião, Tereza, pessoas empobrecidas e sofridas, apesar disso, justas e confiantes em Deus.

O Evangelho de Marcos (1, 29-39) nos relata, num primeiro momento, a primeira cura física de Jesus: a cura da sogra de Pedro, que estava com febre, e febre alta (Lc 4, 38-39). O evangelista nos conta que à tarde levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. A cidade de Cafarnaum parou para ver o espetáculo que Jesus faria. Não aconteceu um espetáculo: “Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios” (Mc 1, 34). Não curou a todos. Por quê?

O milagre, certamente, não era o ponto central da missão de Jesus. Também hoje as pessoas querem milagres e dizem que eles são sinal atestador da presença viva de Cristo numa dada Igreja. Herodes queria ver um milagre; Jesus não fez nenhum espetáculo miraculoso para ele (Lc 23, 8-12).

Retomando o Evangelho, vemos que enquanto o povo se amontoava à frente da casa da sogra de Pedro, para ser curado, Jesus retirou-se para um lugar afastado e foi orar. Os discípulos foram atrás: “todos estão te procurando” (Mc 1, 37). E Jesus respondeu: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim” (Mc 1, 38). Jesus não queria um “show” para aquelas pessoas. O que Jesus quer é “responder-lhes da Cruz, do meio do seu próprio sofrimento”, como nos lembra São João Paulo II, na SD nº 26.

Jesus é o Deus Solidário na alegria e na tristeza. Ele é Irmão que está ao lado dos doentes crônicos que convivem anos a fio com uma doença incurável, mas que pode tornar-se uma mestra e pedagoga para quem a sofre com prudência, trazendo-lhe uma cura espiritual, de modo que se torne uma pessoa mais humana, mais humilde, mais fraterna.

Ismar Dias de Matos, sacerdote da Diocese de Guanhães-MG.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Os signos e as Tribos de Israel

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Há uma grande relação entre os 12 signos do Zodíaco e as 12 Tribos de Israel, a ponto de o Talmud afirmar que “o reinado daqui é um reflexo do reinado de lá”.

O primeiro signo, Áries (Carneiro), representa a Tribo de Judá, da qual veio o Rei David e os monarcas importantes, inclusive Jesus, o Messias. Áries representa o primeiro mês, o líder dos meses.
O segundo signo, Touro, representa a Tribo de Issacar e o segundo mês (Iyar), que é o mês preparatório para o recebimento da Lei (Torá).

Gêmeos, o terceiro signo, representa a Tribo de Zabulon e o mês de Sivan. Deus e o Povo são os gêmeos, ou seja, Céus e Terra, e também a Torá Escrita e a Torá Oral.

No quarto mês (Tamuz, com o signo de Câncer) há uma rebelião de Rubem contra Moisés, num episódio triste.
O Leão, que representa a Tribo de Simeão e o mês de Av, representa algo negativo também, pois Zimri, um dos líderes de Israel, se une a Cozbi, uma midianita, o que resultou em muitos mortos israelitas.

O sexto signo é Virgem, e representa Pureza e Santidade. Simboliza o mês da volta para Deus (Teshuvá), no mês de Gad.
No mês de Tishrei ocorrem as festas de Ano Novo (Rosh Hashaná), entre outras. O mês é representado pela Balança, em referência aos nossos atos e o julgamento de Deus.

Escorpião (Acar Beit = aquele que destrói a casa, destrói o mundo) representa o mês de Chesvan, o mês do Dilúvio.

Sagitário (Kislev) Durante este mês, trabalhamos em “correto relaxamento” ou sono, que resulta de nossa dedicação à “ação correta” durante nossas horas de atividade. O nome da letra deste mês, samech (s), significa “confiança”. Nossa confiança verdadeira em Deus nos dá a certeza de afirmar nossa santidade e resistir àqueles que a desafiam. Isso está refletido na celebração de Chanucá, e o signo astrológico de Sagitário, o arqueiro. “Relaxamento correto”, usando o descanso como um meio para a ação adequada, nos ajuda a canalizar nossos esforços (“mirando” nosso arco) na direção correta. Da mesma forma, a tribo deste mês, Benjamin, possuía valentes guerreiros. Seu território continha o local do Templo Sagrado, aonde nossas preces e sonhos são dirigidos.

Capricórnio (Tevet) Este mês cultivamos “a ira correta”. O Talmud nos diz para sempre considerarmos os outros favoravelmente, e que a ira é algo que quase sempre deve ser evitada. Mas existe também uma ira positiva, o senso de o que rejeitar. O nome da tribo deste mês, Dan, significa “julgar”. A letra deste mês, ayin, significa “olho”. Temos dois olhos para discernir constantemente o que aceitar na vida, e o que rejeitar. A capacidade de constantemente rejeitar o negativo é simbolizada por Capricórnio, a cabra, conhecida por sua tenacidade.

Aquário (Shevat) A festa deste mês, Tu Bishvat, é celebrada comendo-se frutos da árvore, refletindo o atributo deste mês, “alimentar-se corretamente”. A letra deste mês, tsadic (ts), significa “justo”, lembrando-nos do versículo “os justos alimentam-se para nutrir a alma”. O verdadeiro teste de nossa espiritualidade é se tornamos a alimentação (e todas as nossas outras atividades mundanas) uma experiência espiritual, ou se nos rendemos à gratificação sensorial. Purificando nossas atitudes quanto à materialidade, tornamo-nos conduítes para distribuir a benevolência de Deus ao mundo. Isso está refletido no signo de Aquário, o distribuidor de água. O território de Aser, a tribo deste mês, produzia alimentos em abundância.

Peixes (Adar) Os peixes vivem nos recessos ocultos do mar. A Festa principal deste mês é Purim, que celebra a mão oculta de Deus na história. A letra deste mês, cuf (c), significa “macaco”. Reconhecemos que Deus está oculto ao fazermos máscaras em Purim, imitando (macaqueando) qualquer pessoa que quisermos. A celebração de Purim derruba as inibições que ocultam nossa essência interior. Normalmente, transformar o mal em santidade é um processo metódico. Entretanto, nossos Sábios ensinam que “o júbilo derruba todas as fronteiras”. Através do “riso correto”, atributo deste mês, transformamos obstáculos em oportunidades, um decreto para a destruição em um dia de celebração. Efetuamos esta transformação com a velocidade da tribo deste mês, Neftaly, o mais rápido dos filhos de Jacó.

O ZOHAR disse que o Povo de Israel ficou sob a influência dos astros até a outorga da Lei, no Monte Sinai, o que aconteceu no terceiro mês (Sivan) após a saída do Egito.

Deuteronômio (18, 13) exclui a possibilidade de se recorrer aos astrólogos ou orientar-se através de horóscopos. (Prof. Ismar Dias de Matos)

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Deus cria - o homem transforma!


No princípio Elohim criou Céus e Terra, diz o primeiro livro da Bíblia (Gênesis/Bereshit, cap.1,1). No começo de tudo, ou na “cabeça” (Reshit) de tudo, uma coisa nova (Beri’a) brotou (Bará) do nada. O Criador é o grande Boréh, o único (Ehad) que pode criar sem o uso de matéria prima pré-existente.
Está, aqui, uma ideia judeu-cristã da não-eternidade do mundo: o mundo não é eterno; foi criado, como professam os católicos no Credo. Elohim-Deus é Palavra criadora. A palavra é o querer de Deus (Salmo 33,6). Jesus, o Unigênito do Pai, diz ao cego: “Eu quero, sê purificado” (Mt 8,3). “Como o Pai ressuscita os mortos e os faz viver, também o Filho dá a vida a quem quer” (João 5, 21).

O Evangelista João diz que “no princípio o Verbo era Elohim” (Jo 1,1-3) e que tudo foi feito por meio d`Ele e que nada foi criado sem Ele. A Palavra criadora do Gênesis – “e Elohim disse” – é a mesma do Segundo Testamento. São Paulo diz em Colossenses: “Porque n’Ele foram criadas todas as coisas” (1, 16). E o mesmo Apóstolo diz aos Romanos: “Porque tudo é d’Ele, por Ele e para Ele. A Ele a glória pelos séculos!”. (Rm 11,36).

Há no primeiro livro das Escrituras Sagradas quatro sentidos para o verbo CRIAR, sendo o primeiro (Gn 1,1) o de criar ex-nihilo, ou seja, a partir de nada; o segundo sentido (Gn 1,7) significa criar (Asa) a partir de alguma coisa; o terceiro significado de criar (Gn 2,7 = Yatsar) dá a ideia de modelar algo, como faz o oleiro; o quarto e último sentido de criar, em Gênesis (2,2), é Banáh, que dá a entender construir sobre.

Excetuando-se o primeiro significado, todos nós somos também criadores ou co-criadores, pois criamos a partir de uma matéria prima, modelamos, plastificamos a realidade como senhores, em mandato divino: “Crescei, enchei a terra e a submetei” (Gn 2, 28).

O Deus-Oleiro, do segundo capítulo de Gênesis (2,7), que modelou o homem a partir da argila do solo, pode nos dar a entender que a Criação pode ser concebida como algo em evolução; um ser inanimado, de barro, ganha, com o tempo, o Spiritus ou Sopro divino e se torna um ser vivente, evolui.

Os cientistas da atualidade, sobretudo os das ciências biológicas e da medicina, a partir de algumas células são capazes de reproduzir um órgão inteiro. Esses cientistas, no entanto, têm um grande sonho: construir a matéria orgânica, não simplesmente transformá-la. Com esse intuito, investem bilhões e bilhões de dólares e de euros em instrumentos como o Large Hadron Collider, LHC – o grande acelerador de partículas, de 27 km, localizado na fronteira franco-suíça.
Prof.Ismar Dias de Matos. E-mail: prof.ismar@terra.com.br

Nova missão e novo nome

Lemos na Bíblia, no livro dos Números (13, 16), que Moisés deu a Oséias, filho de Nun, o nome de Josué. Oséias, e outros onze homens, haviam sido escolhidos para explorar a terra de Canaã. Os doze escolhidos eram príncipes de suas tribos, e deveriam explorar a terra e trazer notícias ao Comandante e grande líder Moisés.

Por que Moisés mudou o nome de Oséias, filho de Nun, e príncipe da Tribo de Efraim? Iluminado pelo Eterno, Moisés queria garantir que Oséias não falhasse na missão de que estava encarregado, e acrescentou ao nome do jovem príncipe Oséias a primeira letra hebraica do nome do Eterno (a letra Yud). Com o acréscimo, “Oshea” ou “Oshua” transformou-se em Joshua, ou seja, Josué, que significa “Javé Salva”.

Josué havia sido transformado em novo homem, com a bênção do Eterno D’us. Somente ele e Caleb, filho de Jefoné, da Tribo de Judá, se mantiveram íntegros e não se abateram com as impressões da terra que estavam por possuir. Confira a história em Números 13, versículo 25 em diante.

A Bíblia nos dá outros exemplos de mudanças de nomes. Abrão transformou-se em Abraão (Gn 17,5); Jacó transformou-se em Israel (Gn 32, 29); Simão tornou-se Pedro (Mc 3, 16; Mt 16, 18; Jo 1, 42). Sempre que a missão muda, Deus muda o nome do missionário. Quando Mário Jorge Bergoglio deixou de ser apenas o cardeal-arcebispo de Buenos Aires e transformou-se no pontífice máximo da Igreja Católica, seu nome tornou-se Francisco. Nova missão, novo nome.

Prof. Ismar Dias de Matos.
E-mail: prof.ismar@terra.com.br

Via Sacra baseada n’O pequeno príncipe

I – Jesus é condenado à morte por Pilatos.
“Então, tu também vens do céu? De que planeta és tu?”

II – Jesus com a cruz às costas.
“Quando a gente anda sempre para a frente, não pode mesmo ir longe”.

III – Jesus cai pela primeira vez.
“Então, para que servem os espinhos?”

IV – Jesus se encontra com sua mãe.
“Se alguém ama uma flor, da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando a contempla”.

V – Simão Cirineu ajuda a Jesus a carregar a cruz.
“Se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro”.

VI – Verônica enxuga o rosto de Jesus.
“É preciso buscar com o coração”.

VII – Jesus cai pela segunda vez.
“Espinho não serve para nada. Pura maldade das flores”.

VIII – Jesus consola as filhas de Jerusalém.
“É tão misterioso o país das lágrimas”.

IX – Jesus cai pela terceira vez.
“E, deitado na relva, ele chorou”.

X – Jesus é despido de suas vestes.
“É preciso proteger as lâmpadas com cuidado. Um sopro as pode apagar”.

XI – Jesus é pregado à cruz.
“Onde estão os homens?”

XII – Jesus morre na cruz.
“Quando a gente está triste demais, gosto do pôr do sol”.

XIII – Jesus é entregue à sua mãe.
“Se tu vens às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz. Às quatro horas, estarei inquieta e agitada; descobrirei o preço da felicidade. Mas, se vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração. É preciso ritos...”

XIV - Jesus é depositado no sepulcro
“Eu não posso carregar este corpo. É muito pesado... Mas será como uma velha casca abandonada. Uma casca de árvore não é triste...”

XV – A ressurreição de Jesus

“Será bonito, sabes? Eu também olharei as estrelas. Todas as estrelas serão poços com uma roldana enferrujada. Todas as estrelas me darão de beber... Tu terás quinhentos milhões de guizos, eu terei quinhentos milhões de fontes...”

(Autor desconhecido. Texto publicado por Dom Marcos Barbosa, OSB, no seu programa “Encontro marcado”, na Rádio Jornal do Brasil, em 31/07/1983. As duas últimas estações foram acrescentadas por Ismar Dias de Matos).

Algumas características da contemporaneidade

O tempo em que vivemos é pleno de incertezas. Não atingimos o terreno firme das sonhadas certezas do conhecimento moderno. Os palestrantes costumam dizer: “Não tenho receitas prontas; cada caso é um caso”.

Há um absoluto Relativismo reinando em todos os lugares. O que era absoluto passou a ser relativo; o relativo se tornou absoluto, sobretudo no campo ético. Aliás, muito se fala de ética e pouco se sabe dela.

A vida pode ser considerada como um bem frágil, fragilíssimo. Pessoas matam outras pessoas por causa de um celular ou menos do que isso; uma pessoa é assassinada porque tem dinheiro, e outra é morta porque não tem dinheiro. As formas privadas e públicas de segurança diminuem os crimes, mas não impedem que eles cessem.

Embora se fale de Relativismo, há espaço para muitos fanatismos e intolerâncias nas religiões, no futebol, na política. A contemporaneidade comete crimes de injúria racial e de racismo como as pessoas dos séculos passados. Pouca coisa mudou.
As coisas devem ter pouca durabilidade porque devem ser sempre trocadas por outras. É claro que há garantias de quatro, cinco ou mais anos para um aparelho de TV ou outro produto, mas dentro de cinco anos ele já terá sido trocado. Quem suporta uma TV de três anos, quando outros modelos já foram lançados no mercado? Só loucos usam um aparelho de celular por cinco anos.

As pessoas – homens e mulheres – fazem uma questão muito grande de se apresentarem bonitas. Salões de beleza estão por todos os lados. Clínicas de estética têm um crescimento surpreendente. Não faz muito tempo nasceu uma expressão para caracterizar os homens que valorizam a aparência mais do que o comum de seus pares: metrossexual. Poderíamos chamar essa grande valorização da visibilidade de neo-narcisismo?

Como são preenchidos os grandes vazios humanos, aqueles momentos de angústia, de insegurança, de medos tão diversos? Os medicamentos de tarja preta resolvem nossos problemas? As drogas lícitas e ilícitas estão sendo eficazes? Como encontrar a cura para as dores daquilo que o dinheiro não compra? O que fazer para viver melhor na contemporaneidade?
(Prof. Ismar Dias de Matos)

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Transfiguração do Senhor

Dia 6 de agosto celebramos a festa da Transfiguração de Jesus, conforme relato de Mateus (17, 1-9). Diante de duas testemunhas do 1º Testamento – Moisés e Elias – Jesus mostra a três de seus apóstolos – Pedro, Tiago e João – a sua Face Gloriosa. A cena se dá no alto de um monte que Mateus não dá nome, e que pode ser o monte Hermon, próximo a Cesareia de Felipe; como pode ser também o monte Panium, nas proximidades do rio Jordão; como pode ser também o monte Tabor, no qual foi construída a Igreja da Transfiguração, muitíssimo visitada pelos turistas. O lugar físico não é o mais importante no episódio.
A cena da Transfiguração se dá pouco depois de Jesus haver perguntado aos discípulos “quem era Ele” na opinião do povo, ocasião em que Pedro, ao fim de tantas respostas, fez sua belíssima profissão de fé: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo” (Mt 16,16). Jesus, então, confirma Pedro como a pedra sobre a qual será construída a Sua Igreja.
Além da Transfiguração, testemunhada por Pedro, Tiago e João (2 Pd 1, 16), outros quatro grandes episódios marcam a história de Jesus: o Batismo, a Crucificação, a Ressurreição e a Ascensão. A Transfiguração une os dois Testamentos bíblicos: Moisés e Elias, representando a Lei e os Profetas, resumem o 1º Testamento; Pedro, Tiago e João – o grande trio dos Evangelhos – representam o 2º Testamento, que tem Jesus como o personagem central.
“Uma imagem fala mais que mil palavras”, diz uma afirmativa corrente. Por isso Jesus quis confirmar no íntimo de seus apóstolos uma imagem positiva de Sua glória futura, para que eles fossem testemunhas daquela maravilha e pudessem ser fortalecidos diante das provações pelas quais passariam.
Eu disse, acima, que o lugar da Transfiguração não é o mais importante, pois Jesus continua se transfigurando diante de nós, o tempo todo. Dizemos nas celebrações: “Ele está no meio de nós”. De fato, Ele está nos irmãos e irmãs necessitados (Mt 25, 31-46); está presente onde “dois ou mais se reúnem em Seu nome” (Mt 18,20).
É preciso ter olhos espirituais para ver o Senhor. Pedro, Tiago e João, com olhos espirituais, viram Moisés e Elias, há séculos já falecidos, ao lado de Jesus. É preciso aprender com eles.
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Ismar Dias de Matos, sacerdote católico, e professor de Filosofia e
Cultura Religiosa na PUC Minas. E-mail: p.ismar@pucminas.br