quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS SILOGISMOS

1.Os modos do silogismo

Os escolásticos inventaram um sistema mnemônico para designar os modos válidos dos silogismos (do grego, ΣΙΛΛΟΓΙΣΜΟΣ, σιλλογισμοσ, que significa: cálculo composto). A palavra já era empregada por Platão para raciocínio em geral (cf. Teeteto, 186 d) e foi adotada por Aristóteles para indicar o tipo perfeito do raciocínio dedutivo, definido como “um discurso em que, postas algumas coisas, outras derivam necessariamente” (An. Pr., I, 1, 24 b, 18...).

Os escolásticos tiraram das palavras AffIrmo e nEgO os símbolos A-E-I-O para sinalizar as premissas ou proposições: A: afirmativa universal; E: negativa universal; I: afirmativa particular: O: negativa particular.

Asserit A, negat E, verum generaliter ambo;
Asserit I, negat O, sed particulariter ambo.

Por volta de 1250, os escolásticos difundiram os versos Bárbara, Celarent, etc, que já se encontravam nas Summulae de Guilherme de Shyreswood e de Pedro Hispano. As palavras não têm nenhum sentido, isto é, não formam proposições nem períodos. BOCHENSKI (cf. Formale logik, p. 248, verbete silogismo: Citado por CAROSI, Paulo. Curso de filosofia, 2 . ed, .v. I, São Paulo: Paulinas, 1969, p. 353.) afirma que Jorge Scholarios traduziu-os para o grego com palavras que têm sentido.

Note-se que todas as palavras são formadas pelas quatro primeiras consoantes B-C-D-F ; as vogais indicam a quantidade (geral ou particular) e a qualidade (afirmativa ou negativa) das premissas.

1ª figura: Barbara, Celarent, Darii, Ferio;
2ª figura: Cesare, Camestres, Festino, Baroco;
3ª figura: Darapti, Felapton, Disamis, Datisi, Bocardo, Ferison;
4ª figura: Bamalip, Calemes, Dimatis, Fesapo, Fresison.

2. As quatro figuras (ou modelos) silogísticas.
Os termos do silogismo são três: M: termo médio, T: termo maior; e t: termo menor. Verificar a posição do termo médio em cada uma delas, abaixo.

1ª Figura - Termo Médio é sujeito na premissa maior, e predicado na menor.
M – T
t – M
t - T

2ª Figura - Termo Médio é predicado na premissa maior e na menor.
T – M
t – M
t - T

3ª Figura - Termo Médio é sujeito tanto na premissa maior quanto na menor.
M – T
M – t
t - T

4ª Figura - Termo Médio é predicado na premissa menor, e sujeito na maior.
T - M
M – t
t - T

• A primeira premissa chama-se também “premissa maior” ou simplesmente “maior”;
• A segunda premissa chama-se também “premissa menor” ou simplesmente “menor”
• Note-se que na conclusão a posição dos termos menor e maior é sempre a mesma nas 4
figuras ou modelos.
• Os modelos (ou figuras) 1 e 4 são invertidos; idem para os modelos 2 e 3.

3. As oito leis do silogismo (em português e latim)

1. Só podem existir três termos no silogismo: t – T – M;
Terminus esto triplex: medius maiorque minorque.

2. Na conclusão, o t e T não podem ser mais extensos do que nas premissas
Latius hos quam praemissae conclusio non vult.

3. O termo médio (M) não pode entrar na conclusão;
Nequaquam médium capiat conclusio oportet.

4. Ao menos uma vez o M deve ser universal;
Aut semel aut iterum medius generaliter esto.

5. Se ambas as premissas são afirmativas, a conclusão também será afirmativa;
Ambae afirmantes nequeunt generare negantem.

6. De premissas negativas nada se conclui;
Utraque si praemissa neget nihil inde sequetur.

7. A conclusão segue sempre a parte mais frágil, a pior parte;
Peiorem sequitur semper conclusio partem.

8. As premissas não podem sem ambas particulares.
Nil sequitur geminis ex particularibus nunquam.

4. Regras para cada figura:

• 1ª figura ou 1º modelo: A maior deve ser sempre universal.
• 2ª figura ou 2º modelo: Uma das premissas deve ser negativa; a maior deve ser universal.
• 3ª figura ou 3º modelo: A menor deve ser afirmativa; a conclusão deve ser particular.
• 4ª figura ou 4º modelo: Se a maior é afirmativa, a menor deve ser universal; se a menor é afirmativa, a conclusão deve ser particular; se uma das premissas é negativa, a maior deve ser universal.


5. Exercícios de fixação do aprendizado


Questão 01: Examine os silogismos abaixo e escreva a qual figura pertence cada um:

1) O estudo da Lógica é atraente. Figura nº ....................
Ora, todo o estudo da Lógica é bom para a vida.
Logo, o que é bom para a vida é atraente.

2) Nenhum ponto da Lógica é dispensável. Figura nº ..................
Ora, toda coisa ruim é dispensável.
Logo, nenhuma coisa ruim é ponto da Lógica.

3) Nenhum estudante de Lógica é desatento. Figura nº ..................
Ora, algum desconfiado é estudante de Lógica.
Logo, algum desconfiado não é desatento.

4) O estudo da Lógica é importante. Figura nº:...................
Ora, Tudo o que é importante é necessário.
Logo, é necessário o estudo da Lógica.

Questão 02: Assinale, abaixo, a alternativa correta que corresponda à sequência das palavras das figuras de cada silogismo da questão anterior:

a) FERIO – BARBARA – CALEMES – DARII
b) DIMATIS – CESARE – FERIO – DISAMIS
c) DISAMIS – CESARE – FERIO – DIMATIS
d) DISAMIS – FESTINO – BOCARDO – CALEMES
e) CESARE – DISAMIS – FERIO – DIMATIS

Questão 03: Formar 01 (um) silogismo para cada figura em que apareçam as seguintes condições:
a) Para o silogismo da 1ª Figura: a conclusão deve ser afirmativa particular.
b) Para o silogismo da 2ª Figura: a maior deve ser negativa universal.
c) Para o silogismo da 3ª Figura: a menor deve ser afirmativa.
d) Para o silogismo da 4ª Figura: apenas a menor seja afirmativa.

Questão 04 Qual (is) é (são) a (s) figura (s) silogística (s) em que a premissa menor é sempre afirmativa? Quais são as palavras que a ela (s) correspondem?

6. Exemplos de silogismos falsos (brincadeiras)
Obs: Estes silogismos não seguem as leis da Lógica (cf. nº 3, acima)

Deus ajuda quem cedo madruga.
Quem cedo madruga dorme à tarde
Quem dorme à tarde não dorme à noite
Quem não dorme à noite sai na balada
Logo, Deus ajuda quem sai na balada.

Deus é amor.
O amor é cego.
Steve Wonder é cego.
Logo, S. Wonder é Deus.

Disseram-me que não sou ninguém
Ninguém é perfeito
Mas só Deus é perfeito
Logo, eu sou Deus
Logo, eu sou perfeito

Se Steve Wonder é Deus, eu sou Steve Wonder
Meu Deus, eu sou cego

Imagine um pedaço de queijo suíço, daqueles bem cheios de buracos. Quanto mais queijo, mais buracos. Cada buraco ocupa o lugar em que haveria queijo. Assim, quanto mais buraco, menos queijo. Quanto mais queijos mais buracos, e quanto mais buracos, menos queijos. Logo, quanto mais queijo, menos queijo.

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