segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sexta-feira em Jerusalém, dois milênios atrás


Sexta-feira, vésperas da Páscoa. Nas extremidades de Jerusalém morreram quatro homens e, de certo modo, suas vidas, suas histórias têm algo que pode ser considerado comum, além de haverem morrido no mesmo dia.
Um deles, o mais novo, começou bem a vida, mas terminou mal; o outro começou mal e terminou bem; o terceiro começou mal e terminou mal; o quarto começou bem e terminou bem.
O primeiro deles era um rapaz correto, bom filho, acreditado pelos companheiros. Todos em Jerusalém pensavam que teria um futuro brilhante. Começara tão bem a vida! Era o filho que toda mãe queria ter. Andava sempre em boas companhias. Gravou seu nome na história.
O segundo homem, órfão de pai e mãe desde criança, fugiu de casa cedo e enveredou-se pelas sendas do crime: pequenos roubos, a princípio, depois algo maior, até terminar cometendo um latrocínio. Mas seu coração era bom; os que o conheciam mais de perto sabiam disso. Foi o que lhe valeu um final feliz. A tradição conhece o seu nome.
O terceiro homem tinha um coração de pedra e também poucos amigos. Parecia estar sempre zangado com tudo e com todos. Não sabemos qual é seu nome.
O quarto homem, o mais velho de todos, começou muito bem sua vida. Tinha uma família que o amava bastante. Tinha bons amigos. Mas sua bondade incomodou muita gente. Terminou bem sua vida, cumprindo, segundo suas palavras, o que tinha para cumprir, embora sua vida lhe tenha sido tirada de modo tão brutal. Seu nome dividiu a história: antes dele; depois dele.
Começar a vida bem e terminar mal! Começar bem é tarefa de muitos. Mas não importa apenas começar. O prosseguimento é o que mais importa. Judas apenas começou bem. O restante a gente sabe como foi.
O segundo homem, a tradição o chama de “bom ladrão” (se é que há alguém assim!) e diz que se chamava Dimas. Até falam “São Dimas”. Começou mal e terminou bem. Ponto pra ele!
O terceiro homem é mau ladrão, e não tem nome. Foi impenitente até o fim. Homem de fibra inquebrantável. Durão. Começou mal e terminou mal. Cabeça dura, diríamos hoje.
O quarto homem é Jesus, o Messias, o Cristo: único modelo a ser seguido. Começou bem e terminou bem. Alfa e Ômega. Exemplo maior de compromisso ético e moral. Compromissado com o projeto do Pai. Falou de Si mesmo: Eu sou o Caminho, a Verdade, a Vida. Morreu e ressuscitou. Aleluia! Boa Páscoa para todos! (Ismar Dias de Matos, sacerdote diocesano, é professor de Filosofia e Cultura Religiosa na PUC Minas).

Um comentário:

  1. Sempre sábio com as palavras meu amigo Ismar, "nosso Pe Ismar", Boa Páscoa, que saibamos começar e terminar bem...

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