segunda-feira, 29 de agosto de 2011

DIVERSOS LUGARES SAGRADOS



As pessoas, nas diversas culturas, sempre consideraram as montanhas como lugares mais próximos da divindade, lugares mais próximos dos astros que têm movimentos perfeitos e seguem padrões de comportamento perfeitos. O alto das montanhas é o lugar onde se pode fazer a ligação entre o céu e a terra. O alto é o lugar da morada dos deuses, como o Monte Olimpo (Grécia), Monte Meru (Índia), Monte Haraberezaiti (Irã), Monte Garizin e Monte Sinai (Palestina) etc.

Para o Islamismo o lugar mais elevado da terra é a Kaaba, porque se encontra no centro do céu. Para os cristãos, este lugar é o Gólgota, ou Monte Calvário, pois foi ali que Jesus, o Salvador, realizou seu ato máximo de amor pela humanidade.

A antiga capital do soberano chinês era considerada como o centro do mundo. Ali, no solstício de verão, ao meio dia, o Gnomo não devia ter sombra. Em Jerusalém, o rochedo sobre o qual o templo estava construído era considerado o centro da terra. Shiz, considerada a Jerusalém dos iranianos, encontra-se também no centro do mundo. São, portanto, vários os centros do mundo, dependendo, é claro, da cultura em questão.
Antigamente, a escolha do lugar para a construção de um templo não era aleatória, mas fruto de alguma espécie de hierofania. No fundo, era o próprio Deus que escolhia o lugar. Assim também acontecia com a escolha do local das cidades. Os lugares altos, além da escolha de Deus (lugares mais pertos do céu, local onde era mais fácil fazer a ligação entre a terra e o céu etc.), eram também lugares estratégicos: do alto se pode ver mais longe; ver, por exemplo, os inimigos que se aproximam...

Um templo, para os crentes, é uma cópia do céu, é o lugar da ressantificação do mundo. Sua construção atende a um pedido ou ordem de Deus: “E Javé falou a Moisés, dizendo: Faze-me um santuário, para que eu possa habitar no meio deles. Farás tudo conforme o modelo da habitação e o modelo da sua mobília que irei te mostrar” (Ex. 25, 8-9). O Rei Davi dá as instruções sobre o templo (1 Cron. 28); a Arca de Noé, lugar de salvação antes do Dilúvio, é construída sob as orientações do próprio Deus: 300 côvados de comprimento; 50 côvados de largura e 30 côvados de altura.

A porta do templo, que se abre para o interior da igreja, dá a ideia de continuidade. O espaço do mundo profano se prolonga dentro do espaço sagrado do templo. O limiar ou soleira representa a baliza ou fronteira entre os dois espaços (sagrado e profano). Do limiar para dentro há um espaço diferente daquele que fica lá fora. O interior do templo é visto como o lugar da comunicação com os deuses: os deuses podem descer a terra e os homens podem subir aos céus.

O templo de Jerusalém, construído em grandes dimensões, tomava conta de quase a metade da cidade. Seu grande pátio era como se fosse o mar, lugar onde judeus e pagãos poderiam ficar juntos. A Casa Santa era como se fosse a Terra, lugar de judeus e pagãos. Mas dentro do templo havia lugares só para os judeus e havia também o Santo dos Santos, como se fosse o Céu e ali só entrava o Sumo Sacerdote.

Quando o Rei da Babilônia, Nabucodonosor, atacou e destruiu o primeiro templo dos judeus, certamente queria atacar o que significava a identidade daquele povo, tudo o que o povo possuía de mais sagrado. Em outras palavras: era um ataque ao centro ontológico, ao sagrado, ao ponto vital da cultura judaica. O mesmo se deu quando o general Vespasiano destruiu o segundo templo, no ano 70 da era comum: sobrou apenas uma parede, que se transformou em muro, conhecido como Muro das Lamentações.

Ismar Dias de Matos, professor de filosofia e cultura religiosa na PUC Minas

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