segunda-feira, 20 de junho de 2011

Festas juninas, julinas e nossas memórias

As festas juninas e julinas fazem parte de nossa cultura popular, de nosso folclore, palavra derivada da língua alemã: Volk-Lore. São festas que nos remetem às nossas memórias, às nossas tradições, às nossas raízes. Quanto mais quisermos crescer para cima, mais teremos que nos firmar em nossas raízes, sob pena de sucumbirmos aos vendavais e tempestades da moda e da modernidade.
É interessante observar que cada um de nós é fruto de um passado, de uma história recente e remota, conservada pela oralidade e pela escrita. Nosso presente é resultado dos anos, séculos e milênios vividos pelos que nos antecederam. Em nossa educação para a vida, assimilamos esse conteúdo e o revalorizamos. Assim formamos nossa ética, nossas leis, nossos costumes, esse patrimônio de humanidade que dá sentido à nossa vida.O Brasil possui inúmeras e riquíssimas expressões de cultura popular. Se quisermos olhar apenas para Minas Gerais já veremos expressões muito variadas. É muito importante celebrá-las, bem como registrá-las em vídeos, em livros, para que não se percam e continuem a orientar os que vierem depois de nós. A celebração dessas tradições reforça os nossos laços comunitários de um modo prazeroso e lúdico.
No início do século passado, um dos fundadores do atual Estado de Israel, David Ben Gurion (1886-1973), percebeu que uma forma de aumentar o sentimento de nacionalidade no povo judeu era o cultivo de uma língua comum. Ele percebera que a língua hebraica, que já havia sido um patrimônio comum, estava sendo esfacelada e esquecida; apenas uns poucos a conheciam. Predominavam na região o inglês e o árabe. Ben Gurion começou, então, a ensinar hebraico a seus irmãos judeus. E foi um projeto bem sucedido. Israel tornou-se um estado independente em 1948.
Os povos gregos foram dominados militarmente pelos romanos, mas os romanos foram dominados pela cultura grega que se sobrepôs ao dominador. A Inglaterra poderia transportar seus reis e príncipes, no dia de seu casamento, em automóveis ultramodernos, mas prefere fazê-lo seguindo tradições multisseculares. Há um exemplo mais convincente do que esse? As raízes da cultura escapam das armas e de tudo o que é passageiro.
Não tenhamos medo ou vergonha de mantermos tradições regionais, nossas músicas, nossas danças, nossas comidas típicas... nossa identidade, enfim. (Ismar Dias de Matos, mestre em filosofia (UFMG), professor de filosofia e cultura religiosa na PUC Minas: p. ismar@pucminas.br )

Nenhum comentário:

Postar um comentário