A palavra PERDÃO aparece centenas de vezes na Bíblia. Vemos, no 1º Testamento, pelo menos três sentidos diferentes de perdão:
1.Saláh: lavar, aspergir = Lev 4,26; 5,10, 1 Rs 8,30; Jer 31, 34. Salmo 51 (50); Lava-me da minha injustiça e purifica-me do meu pecado. Purifica-me com o hissopo e ficarei mais branco do que a neve;
2.Nasáh: levantar, carregar, retirar o pecado; desatar as cordas do jugo = Ex 32, 32 ; Salmo 25, 18; 32,1. No sacramento, o sacerdote nos Ab-solve, nos solta, nos liberta (das amarras, do peso, do jugo do pecado);
3.Kápar / (kipper): fazer expiação, destruir, reconciliação, purificar, voltar-se para (Deus) = Is 6,7 Yom Kippur é a festa judaica do perdão, da reconciliação, e é preparada com uma festa de dez dias.
No pedido do Pai Nosso, “perdoai as nossas dívidas, assim como perdoamos os nossos devedores” (Mt 6, 12), a palavra grega dá a ideia de remissão, de um “cancelamento de minhas dívidas”.
A etimologia de PERDÃO é PER-DONUM: o dom elevado ao seu grau extremo, além do jurídico, ou seja mais que sete vezes; infinitamente. “PER”, em latim, é prefixo de intensidade e nos dá a ideia de algo feito de modo extremo e completo. Exemplos: per-manente, per-pétuo, per-feito etc.
O “perdão” não nasce da racionalidade. Perdão é o desejo de reconciliação, de voltar-se para o próximo e para Deus. Podemos dizer que Deus perdoa depois que nós perdoamos?
Perdoar não é esquecer, mas a lembrança da ofensa, depois do perdão, é indolor, como uma cicatriz é indolor. Há a lembrança da lesão, mas não há mais dor.
Pe. Ismar Dias de Matos, professor de Filosofia e Cultura Religiosa na PUC Minas.
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