segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

BRAZUCA E FULECO ... ORA, BOLAS!

Os torcedores brasileiros escolheram o nome da bola que vai ser usada nos jogos da Copa Mundial de Futebol deste ano 2014, no Brasil, que vai começar no Dia dos Namorados. Dentre os nomes propostos pela FIFA, o escolhido foi Brazuca (77,8% dos votantes), que disseram significar “emoção”, “orgulho” e “boa vontade”. A grafia certa, em Português, seria com “s”, mas para dar um caráter internacional (padrão FIFA), coloca-se o “z” de Brazil, in English.

Quem se lembra do nome da bola da última Copa, na África do Sul? Jabulani, que numa das onze línguas sul-africanas significa “celebrar”. A bola da Copa Alemã (2006) chamou-se Teamgeist, cujo significado é “espírito de equipe”. Jabulani e Teamgeist são nomes bonitos, positivos. Não gostei de Brazuca. Mas isso não tem importância nenhuma.

O professor Pasquale Cipro Neto (Folha de S. Paulo, 13/09/2012, p. C2) também não gostou do nome Brazuca, pois é um termo pejorativo: “Brazuca está para ‘brasileiro’ assim como Portuga está para ‘português’”. E o professor lembra também que o sufixo “uca” está bastante ligado a algo negativo, como, por exemplo, mixuruca, muvuca, maluca,caduca, butuca.

Os brasileiros que moram fora do Brasil são chamados de Brazucas, termo que teria sido inventado por portugueses, em retaliação a Portuga. Nos Estados Unidos, os latino-americanos somos chamados de Cucarachos, ou seja, “baratas”. Oxalá o nome Brazuca ganhe nova semantização e passe a significar, com a magia do futebol, algo positivo.

Também ambientalistas acham positiva a escolha do tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) como mascote da Copa, pois pode ser uma oportunidade de divulgar informações sobre essa espécie genuinamente brasileira e alertar para o sério risco de sua extinção. Mas o bichinho ganhou o nome de FULECO. Isso não parece nada engrandecedor para a fauna brasileira! Poderia, simplesmente, ser TATU, pois lembraria o som inglês de Tatoo.

A relação desse tatu com o futebol é o formato de bola que ele adquire ao se defender de predadores. Ao perceber a presença de onças, raposas ou cães, seu corpo se contorce e o animal esconde partes frágeis como o tronco, a cabeça e as patas no interior de uma dura carapaça – que se fecha e fica em formato de bola. Mas, agora, chamar esse pequeno herói de Fuleco, ai meu Deus!

Ismar Dias de Matos, professor de Filosofia e Cultura Religiosa na PUC Minas. E-mail: p.ismar@pucminas.br


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