Autor: Padre Celso de Carvalho (foto),
poeta curvelano-diamantinense (1913-2000).
Ia o regato rolando
ao sol, o dia inteirinho.
E já bem tarde era, quando
viu um ipê no caminho.
No ipê sorria, tão linda
a densa fronde, e tão flava,
que, ao vê-la, de longe ainda,
já o regato sonhava.
Que doce enlevo seria
sentir nas águas cansadas
aquela imagem macia,
desfeita em sombras douradas!
Lentamente sobre a face
da terra a noite desceu,
e antes que ao ipê chegasse
o regato adormeceu.
Tudo silêncio. Nem voo
nem pio de ave no mato.
Que sonhos bons não sonhou
aquela noite o regato!
Mal mal a aurora o desperta,
olha adiante. Mas vê
somente a estrada deserta:
Ficou lá longe o ipê.
A água passou distraída,
os sonhos seus malograram...
E às margens de nossa vida
quantos ipês não ficaram!
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