Dizem que o grande romano Júlio César (100 a.C – 44 a.C), após suas inúmeras vitórias, sempre enaltecia os valores do inimigo. V.g: Os gauleses eram soldados bem treinados, fortes, valentes, corajosos... mas eu os venci! A atitude inteligente de valorizar a própria vitória era a de valorizar o inimigo.
Nos esportes, diferentemente da guerra, não há inimigos, mas apenas adversários, embora o comportamento, sobretudo no futebol, seja o mesmo de uma guerra. E o que é pior: uma guerra de pessoas não inteligentes, pois ridicularizando o adversário, não sabem que ao espezinhá-lo diminuem a importância da própria vitória.
Somente os regimes de Terror é que necessitam da escolha de um inimigo, real ou imaginário. Os líderes terroristas insuflam, então, o ódio em seus comandados e dele todos se alimentam. O outro, o que pensa ou age diferente é, então, um inimigo a ser combatido. Não deve nem ser tolerado. Só os iguais podem conviver.
Muitas vezes as torcidas dos times de futebol agem de modo terrorista. Não suportam que uma pessoa use uma camisa do time adversário. José Simão, em sua fecunda arte de neologismos, chamou essas torcidas organizadas de “trucidas”.
É lamentável constatar a existência de pessoas antidemocráticas (para não dizer terroristas) em uma sociedade tão pluralista como a nossa, que nos move a viver pacificamente com identidades tão diferentes. Essa convivência harmoniosa exigida de todos é garantida pela nossa Constituição. Deveria, antes de ser uma exigência legal, uma convivência virtuosa. Mostraria, então, nosso alto nível de civilização.
Ismar Dias de Matos é professor de Filosofia e Cultura Religiosa na PUC Minas. E-mail: p.ismar@pucminas.br
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