Os seres humanos não vivem sem heróis e heroínas, pois eles representam um ideal, um protótipo a ser imitado ou seguido. As mitologias de todas as culturas, desde os mais remotos tempos, estão repletas de heróis que encarnam um misto de profano e sagrado. Os heróis e heroínas pairam sobre as pessoas comuns, num panteão, num céu ou qualquer lugar onde a corrupção não reside. As religiões também têm os seus santos e santas, e eles são modelos colocados para a humanidade. A canonização, no caso dos cristãos católicos, coloca esses modelos no rol daqueles(as) que se confirmaram por seus feitos e virtudes. A Igreja Católica Romana não cria santos(as), mas apenas os confirma após apurado exame processual.
No domingo, 1º de maio, a Igreja Católica Romana inscreveu o nome do papa João Paulo II (18/05/1920 - 02/04/2005) entre aqueles que estão a caminho dessa confirmação. O pontífice foi declarado Beato (ou Bem-Aventurado) pelo seu sucessor na cátedra de Pedro, papa Bento XVI. Na conclusão da próxima etapa do processo, que certamente também não demorará muito, o Beato João Paulo II será declarado Santo.
O Bem-Aventurado Papa João Paulo II, que esteve no Brasil por três vezes, governou a Igreja Católica por mais de 25 anos, e em seu pontificado declarou 482 Santos e 1341 Beatos. Para ele, o mundo contemporâneo vive numa ausência de normas ou regulamentos e, por isso, há um relativismo ético e moral que corrói os fundamentos da sociedade. Os beatos e santos são colocados, por isso, como pessoas que, mesmo numa anomia reinante, conseguem viver os valores do Evangelho e são testemunhas concretas da Páscoa de Cristo, fonte de toda santidade.
Hoje, por causa das diversas mídias atuantes, muitas pessoas se sentem pressionadas a sair do anonimato e a se tornarem celebridades, mesmo que seja por quinze minutos. O que faz uma celebridade hoje não é ter realizado algo grandioso em prol da sociedade, não é possuir virtudes cívicas ou morais, como os heróis e heroínas do passado. E por isso a celebridade pode ir embora com a mesma celeridade com que chegou. E os heróis e heroínas ficam para sempre. (Ismar Dias de Matos, sacerdote diocesano, é professor de Filosofia e Cultura Religiosa na PUC Minas. E-mail: p.ismar@pucminas.br)
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