Bondoso Deus, dá-me a graça de esvaziar-me de minha arrogante utilidade. Tira de mim a ilusão de ser instrumento de qualquer coisa. Quero ser apenas eu, um homem simples, comum, a teus pés. Tira a minha pressa, a agitação que acelera meu viver e o desejo de estar onde meus pés não pisam. Dá-me um pouco da alegria que plenifica o coração de teus servos e servas inúteis. Quero louvar-te como aquela anônima flor no meio dos pastos, como o pardal solitário no quintal deserto, como as águas murmurantes dos ribeiros, como os cristais escondidos no ventre das montanhas, como as pequeninas borboletas, as pequeninas aranhas, as minúsculas formigas, como o capim que alimenta os animais, o orvalho que cai, como a luz que traz um novo dia para os homens e mulheres.
Quero, Senhor, viver os momentos de gratuidade, sentir as coisas inúteis, como as sonatas, as serestas, quero contemplar as flores que se abrem ao luar, os lírios do campo, os pássaros do céu, quero brincar com as crianças, sorrir com os velhinhos e velhinhas, ser paciente com os que têm necessidades especiais, rezar com os monges, ler os poemas de Neruda, Bandeira, Fernando Pessoa, e ver a banda passando a tocar coisas de amor.(Ismar Dias de Matos)
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