A Escritura Sagrada nos diz em vários lugares que Deus é luz, e diz também que Ele é o Pai das Luzes (Tg 1,17); por isso a grande manifestação do Menino-Deus ao mundo não poderia ser diferente: mostrou-Se primeiramente na luz de uma estrela, a Estrela de Belém (Mt 2, 2.7.10).
A festa da Epifania é isto: a LUZ que vem do ALTO, ou seja, a Luz de Deus brilhando sobre nós. Cientistas, como Keppler, disseram que naquele tempo (ano 747 da fundação de Roma) houve uma conjunção dos planetas Saturno, Júpiter e Marte, o que explicaria o brilho avistado; Orígenes dizia que o brilho visto nos céus fora o de um grande cometa. Contudo, isso não importa. Natural ou teológica, importa-nos o sentido da Luz. O evangelista Mateus fala que uns Magos do Oriente viram a luz da Estrela e reconheceram tratar-se de uma manifestação do Messias (Nm 24,17).
A tradição, desde os séculos VII-VIII, diz os nomes dos Magos e fala que eram astrólogos, astrônomos e também eram reis: Belquior, Baltasar e Gaspar, respectivamente reis da Pérsia, da Arábia, e da Índia. Ofereceram ouro, incenso e mirra ao Deus-Menino, iniciando assim a troca de presentes que fazemos no Natal. O salmo 72 (71), vers. 11, já dizia que todos os reis da terra iriam adorar o Messias (ver também Isaías, 49,7). Ele é o soberano de todos os poderes. Os presentes são provas disso: o Ouro representa a realeza; o Incenso demonstra que o Menino é Sacerdote; a Mirra diz que Ele é Profeta, e sinaliza também a sua morte.
Embora a Luz esteja nos envolvendo o tempo todo, nem todos conseguimos vê-La. João veio dar testemunho da Luz, mas os homens preferiram as trevas (Jo 3, 19). Muitas outras luzes e interesses nos cegam para que não vejamos a verdadeira LUZ. Ouvi o testemunho de um ex-trabalhador das minas de Nova Lima, que um dia chegou bêbado ao trabalho sem o equipamento de proteção: uma faísca de rocha o deixou cego. Anos depois, ele dizia: “quando enxergava, eu era cego; depois que fiquei cego é que passei a enxergar”. O evangelho diz que o rei Herodes não viu a luz da Estrela. E todos os que se comportam como Herodes não podem ver a LUZ, pois já estão repletos de si mesmos, não admitem que algo de bom exista fora deles.
O egoísmo os deixa cegos. Jesus curou vários cegos (Mt 11,5; Lc 7,22). Um deles, conhecido como Cego de Jericó, chegou perto de Jesus e pediu-Lhe: “Senhor, que eu veja”; ou noutra tradução: “Senhor, eu quero ver de novo” (Mc 10,51). Diante de um desejo sincero assim a Epifania acontecerá, com certeza.
Que Deus Se manifeste em sua vida de modo pleno durante o ano de 2012, para que seja uma Epifania constante; que a Sua luz ilumine os seus projetos e os seus caminhos, sempre.
Ismar Dias de Matos, professor de filosofia e cultura religiosa na PUC Minas: p.ismar@pucminas.br
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