Meus queridos discípulos de Cultura Grega, da PUC Minas: Os tempos mudaram na Grécia. Os gloriosos tempos do Olimpo já se foram. Estão gravados nas glórias da História, das literaturas em várias latitudes do ocidente. Gostaria que vocês, como exercício de Cultura Grega, listassem os 12 tradicionais trabalhos de Héracles (Hércules). Seu nome deriva de HERA (a esposa de Zeus) + KLÊS (que significa GLÓRIA). O filho de Zeus e Alcmena é, ao vencer os desafios, a Glória de Hera.
Para quem aceitar a tarefa, boa pesquisa.
Prof.Ismar Dias de Matos (p.ismar@pucminas.br) Obs: A charge que ilustra o texto é de autoria de BENETT, e está publicada na folha de São Paulo de hoje, 15 de fevereiro de 2012.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
domingo, 29 de janeiro de 2012
Ser ou ter autoridade?
O cenário do Evangelho do 4º domingo do Tempo Comum (Mc 1, 21-18) é Cafarnaum, “às margens do mar da Galileia, nos confins de Zabulon e Neftali” (Mt 4, 13-14), para onde Jesus se mudara (Mt 9,1). Cafarnaum, em hebraico Kephar Nachûm, é Aldeia da Consolação, ambiente onde aconteceram muitos episódios de destaque (Mt 8,5; Mc 2, 1-3; Lc 7,1-10; Jo 4, 46-54). Foi ali que Jesus chamou os seus primeiros discípulos (Mc 1,16-20), como nos disse o Evangelho do domingo passado, 22 de janeiro.
O Evangelho nos apresenta as pessoas admiradas com a autoridade de Jesus (Mc 1, 22;Lc 4, 32): viam que Ele era diferente dos escribas e fariseus. Estes possuíam poder, algo dado por outro ser humano; Jesus era autoridade, qualidade que existe sem a necessidade de um poder humano-social. Autoridade e poder não são a mesma coisa. Autoridade (Exousía, na lingua grega) significa algo que vem de dentro, que procede da essência, da substância mais íntima. É algo que dificilmente se adquire, mas algo com o qual a pessoa já nasce. Uma pessoa pode ter poder e não ter autoridade; outra pode ter autoridade sem ter poder. Jesus não tinha poder, mas autoridade: ele não pertencia à casta sacerdotal, não era escriba nem fariseu; era um carpinteiro, mas sua autoridade (toqep, em hebraico) excedia em altura, largura e profundidade a de todos os outros profetas e pregadores.
A força da autoridade também passa pelo caminho do coração e do afeto, da conquista amorosa. A autoridade nada tem de arrogância ou de autoritarismo, que estão próximos do abuso de poder. A verdadeira autoridade nunca abusa de sua força, pois um (im) possível abuso seria a negação de sua essência (Ousía).
Na primeira leitura (Dt 18, 15-20) há também a questão da autoridade: Moisés diz ao povo que Deus fará surgir no meio deles um outro profeta semelhante ao próprio Moisés, que não mais conduzirá os hebreus e não entrará na Terra Prometida. A respeito desse profeta, Deus afirma: “Porei em sua boca as minhas palavras e ele lhes comunicará tudo o que eu lhe mandar”( Dt 18,18). Esse substituto de Moisés será Josué, cujo nome “coincidentemente” possui o mesmo significado do nome de Jesus: “Javé é o salvador”.
Jesus é a Verdade (Jo 14,6), é a Fonte de toda autoridade, que é o próprio Deus (Mt 19, 11). Portanto, quando dizemos no terceiro parágrafo que a etimologia de autoridade é Ex-ousia, a procedência indicada pelo prefixo “ex” nos remete a Deus, princípio de todas as coisas. Ele é a Substância (Ousía) que impregna todos aqueles e aquelas que guiam os irmãos e irmãs em busca de um mundo melhor, mais justo, fraterno e solidário.
Pe. Ismar Dias de Matos, sacerdote da Diocese de Guanhães-MG.
E-mail: p.ismar@pucminas.br
O Evangelho nos apresenta as pessoas admiradas com a autoridade de Jesus (Mc 1, 22;Lc 4, 32): viam que Ele era diferente dos escribas e fariseus. Estes possuíam poder, algo dado por outro ser humano; Jesus era autoridade, qualidade que existe sem a necessidade de um poder humano-social. Autoridade e poder não são a mesma coisa. Autoridade (Exousía, na lingua grega) significa algo que vem de dentro, que procede da essência, da substância mais íntima. É algo que dificilmente se adquire, mas algo com o qual a pessoa já nasce. Uma pessoa pode ter poder e não ter autoridade; outra pode ter autoridade sem ter poder. Jesus não tinha poder, mas autoridade: ele não pertencia à casta sacerdotal, não era escriba nem fariseu; era um carpinteiro, mas sua autoridade (toqep, em hebraico) excedia em altura, largura e profundidade a de todos os outros profetas e pregadores.
A força da autoridade também passa pelo caminho do coração e do afeto, da conquista amorosa. A autoridade nada tem de arrogância ou de autoritarismo, que estão próximos do abuso de poder. A verdadeira autoridade nunca abusa de sua força, pois um (im) possível abuso seria a negação de sua essência (Ousía).
Na primeira leitura (Dt 18, 15-20) há também a questão da autoridade: Moisés diz ao povo que Deus fará surgir no meio deles um outro profeta semelhante ao próprio Moisés, que não mais conduzirá os hebreus e não entrará na Terra Prometida. A respeito desse profeta, Deus afirma: “Porei em sua boca as minhas palavras e ele lhes comunicará tudo o que eu lhe mandar”( Dt 18,18). Esse substituto de Moisés será Josué, cujo nome “coincidentemente” possui o mesmo significado do nome de Jesus: “Javé é o salvador”.
Jesus é a Verdade (Jo 14,6), é a Fonte de toda autoridade, que é o próprio Deus (Mt 19, 11). Portanto, quando dizemos no terceiro parágrafo que a etimologia de autoridade é Ex-ousia, a procedência indicada pelo prefixo “ex” nos remete a Deus, princípio de todas as coisas. Ele é a Substância (Ousía) que impregna todos aqueles e aquelas que guiam os irmãos e irmãs em busca de um mundo melhor, mais justo, fraterno e solidário.
Pe. Ismar Dias de Matos, sacerdote da Diocese de Guanhães-MG.
E-mail: p.ismar@pucminas.br
domingo, 8 de janeiro de 2012
A luz que vem do alto
A Escritura Sagrada nos diz em vários lugares que Deus é luz, e diz também que Ele é o Pai das Luzes (Tg 1,17); por isso a grande manifestação do Menino-Deus ao mundo não poderia ser diferente: mostrou-Se primeiramente na luz de uma estrela, a Estrela de Belém (Mt 2, 2.7.10).
A festa da Epifania é isto: a LUZ que vem do ALTO, ou seja, a Luz de Deus brilhando sobre nós. Cientistas, como Keppler, disseram que naquele tempo (ano 747 da fundação de Roma) houve uma conjunção dos planetas Saturno, Júpiter e Marte, o que explicaria o brilho avistado; Orígenes dizia que o brilho visto nos céus fora o de um grande cometa. Contudo, isso não importa. Natural ou teológica, importa-nos o sentido da Luz. O evangelista Mateus fala que uns Magos do Oriente viram a luz da Estrela e reconheceram tratar-se de uma manifestação do Messias (Nm 24,17).
A tradição, desde os séculos VII-VIII, diz os nomes dos Magos e fala que eram astrólogos, astrônomos e também eram reis: Belquior, Baltasar e Gaspar, respectivamente reis da Pérsia, da Arábia, e da Índia. Ofereceram ouro, incenso e mirra ao Deus-Menino, iniciando assim a troca de presentes que fazemos no Natal. O salmo 72 (71), vers. 11, já dizia que todos os reis da terra iriam adorar o Messias (ver também Isaías, 49,7). Ele é o soberano de todos os poderes. Os presentes são provas disso: o Ouro representa a realeza; o Incenso demonstra que o Menino é Sacerdote; a Mirra diz que Ele é Profeta, e sinaliza também a sua morte.
Embora a Luz esteja nos envolvendo o tempo todo, nem todos conseguimos vê-La. João veio dar testemunho da Luz, mas os homens preferiram as trevas (Jo 3, 19). Muitas outras luzes e interesses nos cegam para que não vejamos a verdadeira LUZ. Ouvi o testemunho de um ex-trabalhador das minas de Nova Lima, que um dia chegou bêbado ao trabalho sem o equipamento de proteção: uma faísca de rocha o deixou cego. Anos depois, ele dizia: “quando enxergava, eu era cego; depois que fiquei cego é que passei a enxergar”. O evangelho diz que o rei Herodes não viu a luz da Estrela. E todos os que se comportam como Herodes não podem ver a LUZ, pois já estão repletos de si mesmos, não admitem que algo de bom exista fora deles.
O egoísmo os deixa cegos. Jesus curou vários cegos (Mt 11,5; Lc 7,22). Um deles, conhecido como Cego de Jericó, chegou perto de Jesus e pediu-Lhe: “Senhor, que eu veja”; ou noutra tradução: “Senhor, eu quero ver de novo” (Mc 10,51). Diante de um desejo sincero assim a Epifania acontecerá, com certeza.
Que Deus Se manifeste em sua vida de modo pleno durante o ano de 2012, para que seja uma Epifania constante; que a Sua luz ilumine os seus projetos e os seus caminhos, sempre.
Ismar Dias de Matos, professor de filosofia e cultura religiosa na PUC Minas: p.ismar@pucminas.br
A festa da Epifania é isto: a LUZ que vem do ALTO, ou seja, a Luz de Deus brilhando sobre nós. Cientistas, como Keppler, disseram que naquele tempo (ano 747 da fundação de Roma) houve uma conjunção dos planetas Saturno, Júpiter e Marte, o que explicaria o brilho avistado; Orígenes dizia que o brilho visto nos céus fora o de um grande cometa. Contudo, isso não importa. Natural ou teológica, importa-nos o sentido da Luz. O evangelista Mateus fala que uns Magos do Oriente viram a luz da Estrela e reconheceram tratar-se de uma manifestação do Messias (Nm 24,17).
A tradição, desde os séculos VII-VIII, diz os nomes dos Magos e fala que eram astrólogos, astrônomos e também eram reis: Belquior, Baltasar e Gaspar, respectivamente reis da Pérsia, da Arábia, e da Índia. Ofereceram ouro, incenso e mirra ao Deus-Menino, iniciando assim a troca de presentes que fazemos no Natal. O salmo 72 (71), vers. 11, já dizia que todos os reis da terra iriam adorar o Messias (ver também Isaías, 49,7). Ele é o soberano de todos os poderes. Os presentes são provas disso: o Ouro representa a realeza; o Incenso demonstra que o Menino é Sacerdote; a Mirra diz que Ele é Profeta, e sinaliza também a sua morte.
Embora a Luz esteja nos envolvendo o tempo todo, nem todos conseguimos vê-La. João veio dar testemunho da Luz, mas os homens preferiram as trevas (Jo 3, 19). Muitas outras luzes e interesses nos cegam para que não vejamos a verdadeira LUZ. Ouvi o testemunho de um ex-trabalhador das minas de Nova Lima, que um dia chegou bêbado ao trabalho sem o equipamento de proteção: uma faísca de rocha o deixou cego. Anos depois, ele dizia: “quando enxergava, eu era cego; depois que fiquei cego é que passei a enxergar”. O evangelho diz que o rei Herodes não viu a luz da Estrela. E todos os que se comportam como Herodes não podem ver a LUZ, pois já estão repletos de si mesmos, não admitem que algo de bom exista fora deles.
O egoísmo os deixa cegos. Jesus curou vários cegos (Mt 11,5; Lc 7,22). Um deles, conhecido como Cego de Jericó, chegou perto de Jesus e pediu-Lhe: “Senhor, que eu veja”; ou noutra tradução: “Senhor, eu quero ver de novo” (Mc 10,51). Diante de um desejo sincero assim a Epifania acontecerá, com certeza.
Que Deus Se manifeste em sua vida de modo pleno durante o ano de 2012, para que seja uma Epifania constante; que a Sua luz ilumine os seus projetos e os seus caminhos, sempre.
Ismar Dias de Matos, professor de filosofia e cultura religiosa na PUC Minas: p.ismar@pucminas.br
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Vamos a Belém: lugar do pão e da paz!
O evangelho do dia 1º de janeiro de 2012 (Lc 2, 16-21), Solenidade da Santa Mãe de Deus e Dia Mundial da Paz, nos diz que “os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém nascido deitado na manjedoura”.
Sair às pressas é sinal de que algo forte como a alegria e a graça de Deus moviam os caminhantes. Maria, logo após o anúncio de que seria a mãe do Filho de Deus, também saiu às pressas e subiu as montanhas para encontrar-se com sua prima Isabel (Lc 1,39). Dom Antônio Felippe da Cunha, primeiro bispo da diocese de Guanhães, inspirou-se nesse versículo para exercer o episcopado – “Festinans cum Maria” – “com a presteza de Maria”.
Os pastores foram a Belém(Beit –Lehem) que, literalmente, significa “Casa do Pão”. Foram os primeiros a buscar a força do Pão de Deus que desce do céu para dar vida ao mundo (Jo 6,33). Aquele Menino que os pastores contemplaram, ao se tornar adulto, disse de si mesmo: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e o que crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6, 35).
O profeta Miquéias afirmou que de Belém deveria nascer o condutor, o pastor maior de Israel (cf. Mq 5,1). E o Menino nasceu na “manjedoura”, na cocheira, no lugar do gado comer. Nasceu como alimento. Assim os pastores o viram, juntamente com Maria e José (Lc.2, 16).
Ao menino foi dado o nome Jesus (YeSHuaH – Lc 2, 21), que significa “Javé salva” ou simplesmente “Salvador” (Lc 1, 47.69; Lc 2, 11.30). Quando cantamos liturgicamente o “Hosana” (HoSHeaH NaH) estamos pedindo “salvai-nos (SHeaH), por favor (NaH), ó Filho de Davi”. Salvai-nos da fome de Pão, da fome da Palavra! Pedimos, enfim, a completude, o que nos faz viver: a paz (SHaLoM).
Prof. Pe.Ismar Dias de Matos, professor de Filosofia e Cultura Religiosa na PUC Minas, em Belo Horizonte-MG.
Sair às pressas é sinal de que algo forte como a alegria e a graça de Deus moviam os caminhantes. Maria, logo após o anúncio de que seria a mãe do Filho de Deus, também saiu às pressas e subiu as montanhas para encontrar-se com sua prima Isabel (Lc 1,39). Dom Antônio Felippe da Cunha, primeiro bispo da diocese de Guanhães, inspirou-se nesse versículo para exercer o episcopado – “Festinans cum Maria” – “com a presteza de Maria”.
Os pastores foram a Belém(Beit –Lehem) que, literalmente, significa “Casa do Pão”. Foram os primeiros a buscar a força do Pão de Deus que desce do céu para dar vida ao mundo (Jo 6,33). Aquele Menino que os pastores contemplaram, ao se tornar adulto, disse de si mesmo: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e o que crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6, 35).
O profeta Miquéias afirmou que de Belém deveria nascer o condutor, o pastor maior de Israel (cf. Mq 5,1). E o Menino nasceu na “manjedoura”, na cocheira, no lugar do gado comer. Nasceu como alimento. Assim os pastores o viram, juntamente com Maria e José (Lc.2, 16).
Ao menino foi dado o nome Jesus (YeSHuaH – Lc 2, 21), que significa “Javé salva” ou simplesmente “Salvador” (Lc 1, 47.69; Lc 2, 11.30). Quando cantamos liturgicamente o “Hosana” (HoSHeaH NaH) estamos pedindo “salvai-nos (SHeaH), por favor (NaH), ó Filho de Davi”. Salvai-nos da fome de Pão, da fome da Palavra! Pedimos, enfim, a completude, o que nos faz viver: a paz (SHaLoM).
Prof. Pe.Ismar Dias de Matos, professor de Filosofia e Cultura Religiosa na PUC Minas, em Belo Horizonte-MG.
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