A palavra “idiota”, em seu significado primordial, etimológico, quer dizer aquele que só sabe falar uma língua, um idioma que, no caso, é o de seu lugar natural, aprendido da mãe. Em princípio, não há nenhum sentido pejorativo no termo. Há muito mais idiotas no mundo do que primeiramente imaginamos. As pessoas que aprendem outras línguas deixam de ser idiotas e podem se tornar poliglotas. Aprender outras línguas é aprender outras visões de mundo, é possibilidade de ver além da casa paterna, é descobrir outros modos de pensar, de julgar, de analisar tudo o que nos circunda. Idiota é, portanto, aquele de visão curta, estreita, míope, incapaz de transpor os limites da própria casa, os limites de si mesmo, do próprio umbigo, incapaz de olhar além do próprio quintal ou ver além dos muros, dos morros, longe. Outro termo usado para alguém assim é “idiossincrático”.
O comportamento idiossincrático encontra, cada vez, menos lugar no mundo atual, pois prevalece a convivência de muitas culturas em espaços pequenos – um edifício, um bairro, uma pequena cidade. O pluralismo cultural impera hoje onde havia a intolerância, a idiossincrasia, a idiotia.
Vamos olhar o mundo além de nossas cercas, de nossas janelas, de nossos quintais; o mundo além de nossas fronteiras nacionais e culturais. (Ismar Dias de Matos, professor de Filosofia e Cultura Religiosa na PUC Minas).
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