Quando foi presidente da república (1979-1985), o general João Batista Figueiredo colecionou célebres episódios. Uma vez, quando foi interrogado por uma colegial sobre o que faria se ganhasse o salário mínimo, respondeu que daria um tiro na cabeça. A assessoria tentou abafar a estúpida resposta, dizendo que o presidente quis dizer que daria “um tiro na cabeça do salário mínimo injusto” etc. Noutra ocasião, o general-presidente disse preferir o cheiro de cavalos ao cheiro de pessoas.
É também desse último presidente da ditadura militar (1964-1985) a antológica frase a respeito daqueles que não acreditassem em seu projeto de redemocratização. Aos descrentes prometia prender e arrebentar: “Quem não acreditar, eu prendo e arrebento!” Democracia com prisões e cassetetes. Que coisa esquisita!
Mas o que eu gostaria de comentar é a célebre foto de Figueiredo com a então garotinha Rachel Clemens, em 1979, em cerimônia no Palácio de Liberdade em Belo Horizonte. A garota aparece de braços cruzados enquanto o general tenta cumprimentá-la com um aperto de mão. A menina nada sabia de política, mas a fotografia, de autoria de Guinaldo Nicolaevsky, já falecido, transformou-se em mais um símbolo da insatisfação com o governo militar.
O motivo do não-cumprimento não importa. O que importa mesmo é sentido que foi dado à fotografia que percorreu o mundo. A hermenêutica do fato pode ser muito maior do que o próprio fato em si.
P.S: A foto está no Blog de Rachel Clemens. É do Blog da Rach. Vejam: http://blogdarachelmcs.blogspot.com/2011/03/garotinha-que-nao-deu-mao-para-o.html (Ismar Dias de Matos)
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