segunda-feira, 11 de abril de 2011
Estamos na semana das dores
A semana que antecede a Semana Santa é, para os católicos, a Semana das Dores. São as dores de Maria, mãe de Jesus, mas podem ser as dores de qualquer mãe.
Durante essa semana, em muitas cidades o povo faz as “procissões do depósito”, quando, quase sempre as mulheres, levam a imagem de Nossa Senhora das Dores para um lugar, e a imagem do Senhor dos Passos, carregada pelos homens, é levada para um lugar diametralmente oposto. Desses lugares saem as procissões.
Normalmente, na quarta-feira da Semana Santa, há então a “procissão do encontro” das imagens de Jesus e de Maria, sua mãe. Há também o tradicional sermão do encontro, que conta com um enorme público.
As pessoas se identificam mais com esses símbolos do sofrimento e da dor do que com aqueles quem lembram a alegria. As tragédias sempre chamaram a atenção do povo, desde os gregos até aos dias atuais. A imagem de Nossa Senhora das Dores, com o peito cravado de espadas, é olhada com carinho e solidariedade por mulheres e homens durante séculos. As dores de Maria parecem irmanar todos aqueles(as) que sofrem.
As dores de Maria, mãe de Jesus, são também as dores de muitas mães e pais, como os pais/mães do Realengo (RJ), por exemplo.
A primeira dessas dores da Mãe de Jesus, segundo o Evangelho, aconteceu quando José e Maria apresentaram o Menino no templo. Ali ouviram as palavras do velho sacerdote Simeão: “este menino será um sinal de contradição... e uma espada há de atravessar-lhe a alma” (Lc 2,34-35) O que significava aquilo? Começava o sofrimento de Maria.
O Evangelho também conta que Maria e José, aflitos, tiveram que fugir com o Menino para o Egito, pois Herodes queria matá-lo, (Mt 2,14-15). Quando o Menino estava com doze anos, após uma visita ao templo, em Jerusalém, ficou lá, perdido dos pais (Lc 2, 48). Anos depois, a caminho do Calvário, Maria encontra-se com seu Filho carregando a própria cruz, na qual seria crucificado; vê o Filho, momentos depois, pregado à cruz; depois o recebe morto (Jo 19, 38-40), e cuida de seu sepultamento (Mt 27, 59-60;Mc 15, 46;Lc 23, 53; Jo 19, 41).
As dores são elementos pedagógicos que a vida nos apresenta para nos preparar para os momentos seguintes, vindouros. O Cristianismo nos ensina que, após o sofrimento e a morte, vem a ressurreição: a morte não dá a última palavra. A ressurreição, sim, é a grande esperança que o cristianismo plantou no mundo.
(Ismar Dias de Matos, professor de Filosofia e Cultura Religiosa na PUC Minas)
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