Muita gente que usa a expressão “caiu a ficha” nunca usou uma ficha telefônica, talvez nem a conheça. A ficha, indispensável no uso dos terminais de telefone público, era algo parecido com uma moeda de 25 centavos, com um friso no meio de uma das faces; na outra face constava o nome da operadora. A ficha era usada para pagar as ligações. Assim que a ligação telefônica se completava, a ficha caía, e continuava caindo à medida que durava a ligação. Continuamos usando a expressão “caiu a ficha” embora estejamos na época dos cartões telefônicos e dos chips.
Sou do tempo anterior à ficha, em que as ligações interurbanas só eram completadas com o auxílio de um(a) telefonista. Telefonávamos para ele(a) e lhe dávamos o número de telefone com o qual desejávamos falar. Ele(a), então, fazia a mediação entre nós e nosso interlocutor.
Em 1984 passei a Semana Santa em uma pequena cidade próxima de Diamantina, depois de Mendanha e de Couto Magalhães. Ali presenciei algo que nunca vi em lugar nenhum. Só havia telefone em um local: era o posto telefônico. Quando alguém recebia uma ligação, seu nome era anunciado várias vezes em um alto-falante colocado na parte mais alta da cidade. A pessoa, então, ouvindo seu nome, dirigia-se até o posto telefônico, onde, daí a alguns minutos atenderia à chamada. Eu não conhecia ninguém no lugar, mas lembro-me muito bem do nome do pároco sendo anunciado várias vezes ao dia: “Pa-dre Ni-lo, te-le-fone”. E o padre certamente se dirigia ao posto telefônico para atender a mais uma ligação. Ninguém imaginava que os telefones celulares existiriam.(Ismar Dias de Matos, professor de filosofia e cultura religiosa na PUC Minas).
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